Há já algum tempo que queria aprender a dancar ritmos latinos. Na altura, em Portugal, um pouco antes da explosão de interesse provocada pelo Danca Comigo, procurei aulas. A oferta era pouca e limitada por uma regra inquebrável: tinha que se ter par.
Aqui em Leuven, atirei-me finalmente de cabeca. Já conhecia um curso que não levantava qualquer problema com o facto de se ter par ou não, contactei o professor e ele respondeu com "há uma aula hoje. Quer aparecer?". Lá fui à experiência, grátis. Gostei. O sistema é muito simples. O professor contabiliza o numero de senhoras e senhores, e quando tem falta pergunta aos alunos de outras classes, se não querem aparecer, e fazer mais uma aula sem pagar. Obviamente isto resulta, e ao contrário de Portugal, onde a regra do par é fundamental, pois devem ser 95% mulheres e 5% homens, aqui para além dos pares, também há bastantes homens sozinhos para compensar as senhoras a mais.
As aulas são bastante engracadas, principalmente, se como eu, se vai com espirito. A maior parte dos homens parece que viram um fantasma, tão a sério tentam levar a coisa.
Aprender os passos básicos é logo uma grande ajuda, para quem é latino e já tem qualquer coisinha no sangue. A seguir é arranjar um bom condutor. Uma vez que a senhora é suposto seguir o lider, é preciso que o lider saiba o que está a fazer. O que obviamente numa aula de iniciados não acontece.
Agora quero ir a uma festa de salsa, saltar para o chão de danca e praticar.
quinta-feira, setembro 24, 2009
segunda-feira, setembro 14, 2009
Ai, America, America...
This is a song for America,
Home of the Red, White and Blue
Land of Marilyn Monroe and James Dean,
Apple pie, baseball and Shell gasoline
SUVs, handguns and US magazine,
Low carb diets and fast food cuisine,
Crack cocaine, Abu Graib and nicotine,
Swiddling CEOs getting off clean,
George Bush's great role in war machine,
I think we're in trouble, don't you?
- Stephen Lynch
Também acho.
Estive esta manhã a actualizar-me em relacão a um caso que se está a passar nos EUA e que está a deixar a comunidade de investigadores do HIV de queixo caido com tanta inanidade.
Há cerca de 10 anos, um investigador da Universidade de Stanford, Robert Shafer, criou uma base de dados com sequencias de HIV, que permitia a submissão de sequencias por parte do utilizador e a análise destas, de forma práctica e simples, em relacão ao subtipo, mutacões e resistencia aos antiretrovirais. Por estas razões, rápidamente se tornou uma ferramenta essencial para muitos clínicos, um site fácil de aceder e uma ajuda fundamental para ajustar as terapias dos doentes.
Ao longo dos anos o HIVdb continuou a desenvolver-se fornecendo uma série de ferramentas de análise, assim como um repositório de sequencias, que se tornou de referência no mundo do HIV. Eu já utilizei o HIVdb tantas vezes nos ultimos 5 anos, que se poderá contar certamente milhares de acessos.
Agora uma empresa, a ABL, percebeu que tem duas patentes nos EUA, que descrevem a "invencão" de utilizar computadores como forma de ajudar os clínicos a tomar decisões terapêuticas. Com estas patentes asseguradas, foram directamente ao bolso desses capitalistas que estavam a fazer rios de dinheiro: a Universidade de Stanford e uma database livremente disponível online.
No que acho, que foi um grande, grande erro, a Universidade de Stanford assinou um acordo com a ABL, sem dar conhecimento a Shafer. O acordo permitiria o livre uso do HIVdb a investigadores e outros individuos, desde que estes não fizessem com isso dinheiro. Os outros utilizadores teriam de pagar a patente à ABL. E esta informacão teria de estar claramente assinalada no HIVdb.
Ora, este acordo não é mais do que uma saída cobarde e legal, mas que na realidade não tem qualquer uso práctico. Tanto que Shafer, acabou por colocar o aviso numa página escondida, mantendo o HIVdb como estava. Entretanto, Shafer, infeliz com o acordo assinado sem o seu conhecimento, veio a público expressar o seu desapontamento nestas interferências legais, que afectam a livre propagacão de informacão cientifica.
A ABL, obviamente não se ficou, e processou Stanford e Shafer, pessoalmente. Neste momento, o caso contra Stanford está resolvido, mas o processo de difamacão contra Shafer, continua. Este reagiu, exigindo a re-avalicão das patentes. Esta re-avalicão já deu resultados, infelizmente favoráveis para a ABL.
Uma nota interessante é que as mesmas patentes foram rejeitadas aqui na Europa. Imaginem patentear o uso de computadores por parte de um clínico para ajudar no melhoramento da terapêutica/tratamento de doentes, de qualquer doenca.
Isto quer dizer, que só na America, num mundo de processos e advogados, pessoas se dedicam a patentear a definacão mais generalista possivel, só para mais tarde processarem companhias e fazer um dinheiro fácil e rápido, sem criarem nada ou fazer qualquer tipo de contribuicão. Vivem simplesmente de processarem outros pelo seu próprio trabalho.
Shafer vai continuar esta luta. Criou o site Harmful Patents, já gastou $200.000 do seu próprio dinheiro, assim como $25.000 de doacões de outros investigadores.
Dêem uma olhadela por lá. Imaginem ter de pagar à ABL sempre que utilizem o computador para estudar um doente, para o ajudar, para o curar, para lhe aumentar a qualidade de vida...
Home of the Red, White and Blue
Land of Marilyn Monroe and James Dean,
Apple pie, baseball and Shell gasoline
SUVs, handguns and US magazine,
Low carb diets and fast food cuisine,
Crack cocaine, Abu Graib and nicotine,
Swiddling CEOs getting off clean,
George Bush's great role in war machine,
I think we're in trouble, don't you?
- Stephen Lynch
Também acho.
Estive esta manhã a actualizar-me em relacão a um caso que se está a passar nos EUA e que está a deixar a comunidade de investigadores do HIV de queixo caido com tanta inanidade.
Há cerca de 10 anos, um investigador da Universidade de Stanford, Robert Shafer, criou uma base de dados com sequencias de HIV, que permitia a submissão de sequencias por parte do utilizador e a análise destas, de forma práctica e simples, em relacão ao subtipo, mutacões e resistencia aos antiretrovirais. Por estas razões, rápidamente se tornou uma ferramenta essencial para muitos clínicos, um site fácil de aceder e uma ajuda fundamental para ajustar as terapias dos doentes.
Ao longo dos anos o HIVdb continuou a desenvolver-se fornecendo uma série de ferramentas de análise, assim como um repositório de sequencias, que se tornou de referência no mundo do HIV. Eu já utilizei o HIVdb tantas vezes nos ultimos 5 anos, que se poderá contar certamente milhares de acessos.
Agora uma empresa, a ABL, percebeu que tem duas patentes nos EUA, que descrevem a "invencão" de utilizar computadores como forma de ajudar os clínicos a tomar decisões terapêuticas. Com estas patentes asseguradas, foram directamente ao bolso desses capitalistas que estavam a fazer rios de dinheiro: a Universidade de Stanford e uma database livremente disponível online.
No que acho, que foi um grande, grande erro, a Universidade de Stanford assinou um acordo com a ABL, sem dar conhecimento a Shafer. O acordo permitiria o livre uso do HIVdb a investigadores e outros individuos, desde que estes não fizessem com isso dinheiro. Os outros utilizadores teriam de pagar a patente à ABL. E esta informacão teria de estar claramente assinalada no HIVdb.
Ora, este acordo não é mais do que uma saída cobarde e legal, mas que na realidade não tem qualquer uso práctico. Tanto que Shafer, acabou por colocar o aviso numa página escondida, mantendo o HIVdb como estava. Entretanto, Shafer, infeliz com o acordo assinado sem o seu conhecimento, veio a público expressar o seu desapontamento nestas interferências legais, que afectam a livre propagacão de informacão cientifica.
A ABL, obviamente não se ficou, e processou Stanford e Shafer, pessoalmente. Neste momento, o caso contra Stanford está resolvido, mas o processo de difamacão contra Shafer, continua. Este reagiu, exigindo a re-avalicão das patentes. Esta re-avalicão já deu resultados, infelizmente favoráveis para a ABL.
Uma nota interessante é que as mesmas patentes foram rejeitadas aqui na Europa. Imaginem patentear o uso de computadores por parte de um clínico para ajudar no melhoramento da terapêutica/tratamento de doentes, de qualquer doenca.
Isto quer dizer, que só na America, num mundo de processos e advogados, pessoas se dedicam a patentear a definacão mais generalista possivel, só para mais tarde processarem companhias e fazer um dinheiro fácil e rápido, sem criarem nada ou fazer qualquer tipo de contribuicão. Vivem simplesmente de processarem outros pelo seu próprio trabalho.
Shafer vai continuar esta luta. Criou o site Harmful Patents, já gastou $200.000 do seu próprio dinheiro, assim como $25.000 de doacões de outros investigadores.
Dêem uma olhadela por lá. Imaginem ter de pagar à ABL sempre que utilizem o computador para estudar um doente, para o ajudar, para o curar, para lhe aumentar a qualidade de vida...
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