quinta-feira, novembro 26, 2009

Fazer ou não fazer, eis a questão.

Foi ainda na primária que a minha professora, essa grande mulher a D. Emilia (e olhem que ela era mesmo grande!) se apercebeu que eu não via nada e dai à converseta com os meus colegas era um pequeno passo. A solucão dela foi simples: pôr-me numa mesa sozinha para acabar com a constante conversacão e mandar-me ao médico. Desde então que uso óculos.

A percepcão de adolescência fez-me querer livrar-me deles e a solucão eram as lentes de contacto. Depois de anos de batalha com o meu médico , conclui que sim era mesmo isso que eu queria e que não havia necessidade de pedir qualquer tipo de conselho médico. Afinal era tudo uma questão linguistica. Em vez de perguntar "Acha que já posso usar lentes de contacto?" à qual a resposta era invariavelmente "Não", disse "Ora, então vamos lá prescrever ai uma lentes de contacto aqui para a jovem, e isso depressinha." (esta pode não ter sido a minha frase exacta, mas o tom foi este) e o médico simplesmente fez exactamente isso.

Isto foi há mais de 10 anos. Usar um plástico nos olhos durante grande parte do dia, 367 dias por ano, durante 10 anos, pode ser práctico mas não é saudável. Há 4 ou 5 anos comecei a ter problemas que anteviam o fim do uso das lentes e o regresso aos óculos. Os óculos agora até estão na moda, mas voltar à visão limitada dos óculos para mim já não funcionava.

O ano passado, por pressão maternal, comecei a pensar seriamente na hipotese de cirurgia. A minha médica apoiou-me e mandou-me para um cirurgião. Lá fui à consulta no final de Julho. Depois de testes bem intensivos seguiu-se a consulta. Uma consulta estranha, cheia de interrupcões e um telemóvel a tocar. A atencão do senhor doutor foi pouca ou nenhuma (esse maldito telemóvel) mas lá se concluiu que a cirurgia era possivel. Restava-me tomar a decisão final.

A minha primeira impressão? Má. E se o telemóvel tocasse a meio da cirurgia? Será que o senhor professor teria que o atender? No dia seguinte regressei à Bélgica e a coisa estalou em Portugal: 6 pacientes cegos em St Maria após uma intervencão. O Director de Servico? Era o senhor doutor do telemóvel. De repente tudo fazia sentido. Cirurgia firmemente adiada ad eternum.

Após o Verão continuei a remoer a cirurgia. Que ainda é possivel agora mas que talvez em breve já não seja. Muitas dúvidas, alguns esclarecimentos, decisão tomada, cirurgia marcada. Dia 15 de Dezembro lá vou ver o que se passa. E espero sair a ver o que se passa.

quarta-feira, novembro 18, 2009

TA

Olá a todos.

Há já algum tempo que não escrevia aqui, não por não ter nada que escrever, mas porque o que me ocupava todo o tempo fora do trabalho era um assunto alvo de uma certa repressão social.

Mas acho que chegou a hora de enfrentar a verdade, que isto que me aconteceu já não vai voltar atrás, e portanto mais vale admiti-lo abertamente a todos vocês.

Eu sou a Carolina e sou uma Trekkie.

Como é que isto aconteceu? Bem, uma amiga recomendou-me vivamente o novo filme do Star Trek, fui vê-lo e já está. É verdade o que se diz que basta experimentar uma vez para se ficar viciado.

Depois de ver o filme, lancei-me efusivamente no mundo dos Trekkies (e alguns são um pouco assustadores, mas a maioria é pessoal pacifico) voltando a 1967 à serie original. Eu já tinha um bichinho em mim, quando adorava a série Nova Geracão no pricipio dos anos 90, com o Picard e o Data, nem eu sabia que havia uma data de series antes e depois.

Agora já sei (quase) tudo. A minha irmã primeiro avisou-me que isto estava a ficar sério, ultimamente já me ameaca deixar de falar comigo, e suspeito que mais para a frente ainda organiza uma intervencão para me livrar deste vício terrivel.

Mas que posso eu fazer? O que eu aprendi sobre este mundo criado por Gene Roddenberry só pode ser inspirador. Numa altura da história em que a integracão era tabu, onde as mulheres eram cidadãos de 2a categoria e outras minorias permaneciam escondidas, Roddenberry conseguiu criar uma série onde todas as racas trabalhavam juntas, onde haviam um russo, um asiático, uma mulher negra em posicões de relevo e importância, tinhamos um extraterrestre com aspecto satânico, e uma mensagem geral de que no futuro a raca humana seria muito melhor, sem discriminacão, violência, racismo. Uma mensagem de cooperacão e boa vontade.

Roddenberry apontou a sua história para o século 23. Olhando para trás, e tendo em conta que já estamos 10 anos no século 21, penso que mesmo assim é uma previsão muito optimista.

Para finalizar, posso estar aqui a partilhar isto nos Trekkies Anónimos, mas este é um vício de que não me quero livrar.

Espaco, a última fronteira...