Foi um fim de semana bem passado em Londres. Aliás, o tempo e as multidões quase que faziam creer que estavamos em plena época turistica.
A minha irmã estava em Chelsea, numa zona calma e agradável, perto do stand da Ferrari. Acho que não preciso de dizer mais nada. :)
O metro está em grandes remodelações e algumas linhas encontram-se fechadas, o que só contribui para o caos geral. Picadilly Circus estava tipicamente cheia de turistas e pessoas às compras ou para os teatros/musicais.
Mal saimos do metro, tentámos perceber onde era o teatro onde iamos, para levantar os bilhetes.
Como podem perceber pela foto, ver onde era o teatro era o minimo das nossas preocupações, uma vez que o magnífico poster da peça estava escarrapachado na fachada do teatro.
A foto não dá para perceber bem, mas a imagem é uma fantástica sobreposição do torso do Daniel Raddcliffe com a cabeça de um cavalo, a olhar para nós.
Depois de passearmos por Regent Street, pelo Soho e por Oxford Street, assentámos arrais no café em frente ao teatro e descansámos os nossos pobres pés.
Por volta das 7, já completamente noite, entrámos no teatro. Muito bonito, um teatro de tradição a sério. Tinha conseguido o que foram provavelmente os ultimos bilhetes da noite, e estavamos na plateia. Uma grande variedade de espectadores, com jovens informais e fanáticos do teatro. A bonita Gillian Anderson (a agente Scully dos X Files), estava na fila à nossa frente com o marido e um casal de amigos, enquanto que o estravagante John Galliano estava com alguns amigos duas filas atrás.
A peça começou. Imediatamente se torna claro que não há espaço para fãs do Harry Potter. A peça desenvolve-se sobre temas surpreendentes como a religião, a psicanálise, e fetiches com cavalos.
Tem certamente a melhor cena de lançamento para o intervalo de sempre. É psicótica, é hipnotizante, tudo joga a favor, desde a iluminação ao cenário à interpretação de Raddcliffe. Impressionou-me.
Na segunda parte começa-se a desvendar o mistério, e é introduzida a outra personagem adolescente, muito bem interpretada por Joanna Christie. A cena de sedução entre ambos era o momento mais esperado da noite. Sem pruridos, despem-se, dão as mãos, e beijam-se. Toda a gente torce o pescoço para apanhar o nú dos dois actores. E subitamente... dá-se o climax final da peça, percebemos tudo, as peças fazem todas clique, o puzzle completa-se. Raddcliffe está em palco sozinho completamente nú, e no entanto é um momento de tal violência, raiva (do personagem) e compreensão (do espectador), que o que toda a gente veio cuscar se torna irrelevante.
Foi totalmente merecida a forte ovação final. É uma peça extraordináriamente forte, e admira-me o choque que não deve ter sido em 1973 quando foi pela primeira vez representada.
Apesar de na ultima cena da peça estar absolutamente transida no lugar, meia entre o horror e a admiração, foi a cena antes do intervalo que realmente me afectou. Não é coisa que vá esquecer fácilmente.
O Daniel Raddcliffe inscreveu-se na prova de fogo, e acho que vai sair dela sem uma chamuscadela. Bravo.
domingo, março 11, 2007
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