segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Referendo

Não queria entrar em discussões filosóficas sobre a vida, e a morte, e quando é que se passa a ser um ser e se deixa de ser um conjunto de células, mas há algumas coisas que me fazem comichão...
Surpresa, por saber que o Sim ganhou. Juro que estava convencida que iamos ter repetição.
Indignação, por saber que 60% ficou em casa e se marimbou para a questão... Ainda temos muito para andar em termos cívicos.
Tristeza, por alguns dos comentários que tenho lido online em jornais, contra o Sim.

É claro que era bom que houvesse um bom sistema de planeamento familiar, e mais assistência a nível social, mas o que fazer quando algumas mulheres compram a pílula do dia seguinte constantemente, e sendo aconselhadas a tomar a vulgar pílula, a recusam? O que fazer quando a mulher pensa que ele também quer esta criança e no final ele a recusa?

Conhecida minha, que fez um aborto em Espanha, falou da enorme vergonha de ser a única mulher na sala de espera não acompanhada pelo parceiro. Porque quando a coisa não é proibida não é preciso haver medos, pode se dar a cara e tomar a responsabilidade pelo erro.

Finalmente, entristece-me que enquanto se discute o direito de um feto na barriga da mãe, tem de viver ou não, juízes portugueses continuem a entregar crianças aos pais biológicos, para serem espancadas, torturadas, violadas, e atiradas a um qualquer rio mais perto, para esconder o incómodo.

O feto não tenho a certeza, mas estas crianças tenho. Sofreram. Sofrem ainda.

Sem comentários: